Penso cotidianamente nos significados da
educação. No seu aspecto formal,
vinculado ao cabedal de disciplinas que compõem a formação escolar e
universitária, e no seu âmbito informal,
relacionado à vida cotidiana, aos amigos, familiares, amores e dissabores que
simplesmente nos ensinam, para o bem e/ou para o mal, a viver. Ambos nos
educam.
O primeiro, mediante fórmulas, textos e
contextos, seminários, provações e reprovações, nos prepara para o mundo. Mundo do labor, do salário, do
professor chato (nem sempre) e do chefe pedante (pretenso líder), do empregado,
do lucro, do cansaço e do aspirado sucesso. O segundo, perante foras, broncas,
sorrisos, paixões e desilusões, nos prepara para a vida. Vida do lazer, do carinho materno, da briga dos enamorados, da
farra com o amigo e do choro emocionado. Ambos se complementam.
E diferencio aqui mundo de vida porque,
apesar de vivermos em um mundo recheado de vida, somente nós, seres humanos, podemos
vivenciar este mundo tendo consciência da vida que o permeia. Mundo e vida, portanto, são nossas metas. Viver o mundo, sendo mais sensato, é nossa maior meta. E isso pode
se dar de duas formas (embora outras, certamente, possam aqui constar).
A primeira é através do estudo. E estudar não é decorar, colar,
enrolar e gazear. Engana-se quem pensa que ganha com isso. Estudar é aprender,
conhecer, interrogar e duvidar. Maneiras de flertarmos com o mundo. A segunda é
por meio do amor. Mas não o amor piegas
hollywoodiano e sim o amor pela vida, pelo conhecimento, pelo altruísmo e
discernimento. Maneiras de desfrutarmos da vida. A meu ver, portanto, estudar com amor é um bom caminho para
vivermos “o” mundo e não somente “no” mundo.
E o mundo do trabalho entra de maneira
contraditória nesse contexto. Ele está aí diante de nossos nervos. Exige-nos
quando na realidade somos nós quem tem de fazer exigências. Mas só lança
exigências quem ama o que faz, pelo simples fato de saber o que está fazendo,
de ter ciência de suas escolhas, de objetivar seu bem-estar, de estar mais
preparado para seguir caminhos e mais seguro para tomar decisões. Queremos
viver para trabalhar ou trabalhar para viver? Eu escolho a segunda opção.
Desse modo, digo-lhes de maneira bem
simples... Eu estaria mentindo se escrevesse aqui que o estudo é o único
caminho para se dar bem no mercado de trabalho. E mais do que isso, eu estaria
ceifando parte de nossas vidas. Até porque boa parte dela nós levamos nos
estudos e, diante disso, nada pior do que estudar o que não amamos. Lembrando
que estudo não é sinônimo de educação e a educação não só se dá para o
trabalho. Estudo é só um dos componentes da educação mais ampla. De fato, amar o que estudamos é o melhor caminho para
o mercado de trabalho. E só amamos aquilo que para nós tem algum
significado. Daí a necessidade de sabermos sobre aquilo que escolhemos para
estudar, no empenho de colhermos os louros desse labor intelectual no nosso
mundo vivido. Formalidade e informalidade, mundo e vida, amor e educação
dançando a mesma canção.
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