Você realmente acreditou no título deste
capítulo? Você realmente acha que todo mundo pode ser líder? Várias pesquisas
mostram que mais da metade dos bons profissionais falha como gestores. Na área
de vendas, este número pode chegar à incrível marca de 90%. É altíssimo e
assustador! É bem possível que você conheça alguém que tenha vivido ou esteja
vivendo este tipo de situação. “Querer” não é sinônimo de “ser” um bom líder.
No
mundo dos esportes, é difícil encontrar um ex-jogador de extremo talento que
tenha atingido êxito como técnico. Dunga até passou algum tempo e ganhou alguns
jogos como técnico da seleção brasileira de futebol, mas será bem difícil que
continue sua carreira como técnico. Na vida profissional, como no esporte, é
difícil realmente encontrar um profissional de campo excepcional que tenha
atingido igual brilho como gestor.
Romário,
ídolo da torcida vascaína, começou a treinar o Vasco mas, com pouco tempo, pediu
demissão. Preferiu respirar outros ares. Um outro exemplo de jogador que se
arriscou como técnico foi o Bebeto. Treinou o América do Rio por menos de um
mês e foi substituído pelo seu grande parceiro – o Baixinho, aqui citado
anteriormente.
Todo
mundo pode ser líder
Pelé
nunca quis ser técnico; ganha mais e se aborrece menos emprestando sua imagem
para comerciais de TV, rádio e jornal – vende de sabonete a imóvel. Zico já
treinou alguns times – todos no exterior. Como raramente recebemos alguma informação
através da imprensa, deve ser uma atividade mais voltada à satisfação pessoal
do que qualquer outra grande ambição.
Todos
os grandes técnicos do cenário esportivo foram jogadores medianos (ou até mesmo
fracos) ou vieram de outro setor. O grande técnico Bernardinho é um exemplo
disso. Ele mesmo em uma entrevista disse certa vez que:
“Como
jogador, acho que fui absolutamente mediano”
Felipão,
nome de guerra do grande técnico campeão do mundo Luiz Felipe Scolari, atuou
como zagueiro e era conhecido, veja você, como um jogador “não habilidoso”.
Desde sua época de jogador, mostrava inconscientemente sua inclinação para
posições de liderança, já que, em muitas temporadas, atuou também como capitão
do time.
O
mestre Carlos Alberto Parreira sequer jogou futebol; atuava como um excelente
preparador físico, vendo toda aquela situação por outro ângulo. Diversos
exemplos podem ser apresentados, no esporte, nas artes, na política... Ser um
gestor de sucesso não é tarefa simples de se executar. Quem falou que seria
fácil mentiu pra você.
Em
algum momento de nossa vida, em qualquer grupo de atuação (familiar, pessoal,
social, acadêmico e religioso), qualquer pessoa pode, vez ou outra, liderar
para atingir determinado objetivo. No universo corporativo, no entanto, as
exigências crescem a cada dia em paralelo às pressões, demandas, oportunidades,
concorrentes.
Existe
o “líder nato”?
Dificilmente
encontraremos líderes natos, similares aos históricos personagens Júlio César,
Alexandre e Napoleão. Os que existem ou estão bem empregados ou estão
empregando. Um profissional que deseja ser líder precisa buscar informação.
Treinar, estudar, conversar com outras pessoas e, principalmente, ficar atento
às demandas e aos estilos dos liderados.
Para
quem nasceu com o dom de liderar, o treinamento potencializa muito mais rápido
os resultados. Para quem não tem, melhora os resultados – mas não na mesma
proporção.
Com o
chamado “apagão de talentos”, quase todas as empresas possuem vagas ociosas em
atividades de coordenação, supervisão e gerência. Para preenchê-las, contratam
ou promovem pessoas que ainda não estão prontas. Isto é muito perigoso. Fazendo
analogia com um exército, como um coronel que nunca deu um tiro pode comandar
um batalhão?
Liderança
de resultados pressupõe:
•
preparo;
•
dedicação;
•
experiência, e
•
algumas características natas.
O que
vejo acontecer nas muitas empresas que me chamam para palestrar e dar
treinamentos é a formação de talentos. Empresas inteligentes descobriram esta
espécie de “fórmula” para, num futuro próximo, não perder negócios e posições
por conta de uma liderança não desenvolvida.
Definitivamente,
vamos fechar este conceito: nem sempre o melhor músico será um bom maestro.
Erram as empresas que pregam conceitos de meritocracia, premiando com promoções
pessoas determinadas que entregam resultados. Isto não basta. Isto não funciona
mais.
Para
ser líder, preciso de um cargo?
Agora,
nem todo líder de sucesso precisa de um cargo. Na história, temos o clássico
exemplo de Gandhi, simples advogado que mudou de religião e depois liderou toda
uma nação contra a dominação inglesa. Na sua história, no seu clube, na sua
rua, na sua família e mesmo na sua empresa, se você procurar bem encontrará um
líder ‘sem cargo’ que é seguido por pessoas. A questão central é que um cargo
pode ser ‘dado’ a alguém, mas a liderança propriamente dita é
conquistada.
Na sua
equipe, pode haver algum colaborador que tenha ascensão sobre os demais, que é
ouvido e respeitado por todos e que não tem nenhum tipo de cargo formal em
gestão. Pode até ser que ele nem queira ser um gestor.
Como
você pode ver, podemos encontrar bons líderes em todos os setores, e isto é
desvinculado do cargo. Então, o que favorece o aparecimento de um líder? Duas
das diversas opções:
•
aptidão natural evidenciada;
• grau
de exposição ao risco.
Vamos
supor que toda uma equipe esteja em um avião, sobrevoando a Floresta Amazônica,
e que neste grupo ninguém tenha o dom para liderar. De repente, acontece uma
pane no motor e a aeronave cai, matando piloto e copiloto. Os passageiros saem
ilesos.
Será
que todos ficariam parados no meio da floresta, esperando chegar um líder para
o resgate, ou alguém (não importa quem) se levantaria e apontaria um caminho?
Este
segundo perfil é o desejo de toda alta gestão. Há de se levar em conta, porém,
que o risco do insucesso passa a ter consequências muito grandes para quem
lidera. Imagine se no exemplo do avião o “líder” apontasse para o precipício?
*Este artigo é um trecho do livro "Como ser um gestor de
sucesso", de Diego Maia, publicado pelaAlta Books.
Diego Maia - Formado pela Fundação Getulio Vargas,
é um dos maiores especialistas em vendas do país e comanda um grupo de empresas
no setor de economia criativa no Rio de Janeiro, como marcas como Centro de
Desenvolvimento do Profissional de Vendas (CDPV), RH Vendas, V3 Agência e OGNI
– Centro de Desenvolvimento Empresarial, entre outras. Autor dos livros
Histórias dos Verdadeiros Campeões de Vendas, Como Formar e Treinar Equipes de
Vendas e Histórias de Corretor, Maia apresenta o programa Mundo Empresarial na
rádio MPB FM (90,3 RJ).
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