O juridiquês todos nós já conhecemos, certo?! Será que existe algo
parecido na nossa administração? Este texto é uma reflexão construtiva a cerca
deste tema indelicado
Recentemente, com o julgamento
dos embargos declaratórios do mensalão pelo STF, nós fomos colocados de volta
ao convívio com o famigerado, bastante tropical, Juridiquês. Este neologismo faz referência
ao uso desnecessário, muitas vezes em excesso, de termos e jargões jurídicos
proferidos pelos homens do direito.
Quando praticado entre seus pares, este
juridiquês, normalmente vem acompanhado de um excesso de zelo que, muitas
vezes, supera o próprio limite dos devidos termos do ofício, bons costumes e
pronomes de tratamento, e acaba beirando a adoração entre seus pares.
Nós,
profissionais da administração, estamos anos-luz distantes deste zelo todo, e
eu me abstenho de tomar juízo a respeito disso. Mas, assim como em incontáveis
outras profissões, nós também temos nossos jargões e termos técnicos próprios,
e também, posso observar que muitas vezes são empregados com algum excesso e
uso desnecessário.
Cabe
também, ao autor que vos escreve, ressaltar que, nossa profissão é bastante
prática e voltada para resultados, nem sempre há espaço para tanto administrês
assim. Claro, isso você já sabe! Contanto, embora todo este administrês venha
para agilizar a nossa vida no ambiente profissional, o uso indiscriminado pode
indicar algumas deficiências no profissional.
Aqui abaixo,
eu organizei três tipos de implicações negativas, que surgem com este excesso,
que mais me saltam aos olhos. Sinta-se livre para concordar, discordar, somar e
subtrair elementos nesta reflexão autocrítica e um pouco humorada de nossa
profissão:
1 –
“Eu sabia essa com maçãs” – muitas vezes, durante nosso período de formação
profissional, nos preocupamos muito mais em decorar conceitos e teorias, sem
nos preocupar devidamente em entender a aplicação prática de tudo o que é
estudado. E, no mundo acadêmico, via de regra, também somos avaliados pela
capacidade técnica de “reprodução de texto”. Este cenário, de certa maneira,
colabora para uma formação demasiada funcional, o que em muitas vezes acaba
refletindo em um profissional que: entende os vocábulos e consegue reproduz a
maioria das teorias e estudos da área, mas quando mudam de “maçãs para
laranjas”, e o mundo real é basicamente assim, este, acaba se perdendo sem
conseguir entender o que está acontecendo ou se sentindo traído pelos fatos.
2 –
“Torre de Babel” – mais especificamente, a parte da narrativa onde cada pessoa
começa a falar uma língua diferente - embora muitos de nossos jargões possam
ser considerados interdisciplinares, comuns a muitas formações e de fácil
entendimento, nem sempre (ou quase nunca) o uso intensificando é o melhor
caminho. É preciso lembrar-se do estudado em comunicação integrada de
marketing, aparando estas arestas feias do administrês, ao se comunicar com
pessoas de outra formação e/ou nível hierárquico. Este profissional é
normalmente conhecido, pelos não pares, como:fala grego, fala chinês, sem didática ou
até como maluco –estes dentre outros adjetivos, todos resultantes da
ineficiência na capacidade e clareza na comunicação.
3 –
“Carteirada” – talvez este seja o mais bobo, mas também o menos inocente, e eu
costumo relacionar este tipo de comportamento com maus profissionais. Como
muitos conhecem: carteirada é o uso de algum titulo ou condição com o propósito
de obter vantagem indevida. Nestes casos, o administrês surge simplesmente como
artifício que viabilize a vantagem indevida. É o profissional que, busca nos
confins do mundo, pesquisas e termos pouco usuais, com fim de galgar vantagem
ou parecer mais qualificado que seus pares.
Algumas considerações
Após
ler este pequeno texto, você pode estar se perguntando:
Esse
administrês existe mesmo? Se existir, é realmente um problema desta forma?
Este
pensamento que governa o texto é resultado de observação, empirismo puro. Mas,
convido a você, caro leitor, a fazer este exercício de tentar observar estes
tipos de comportamentos. Confesso que, muitas vezes nós nem o percebemos,
afinal, somos administradores e encaramos com total normalidade este tipo de
comportamento, que de longe, não parece excesso. Normalidade no tratamento esta,
bem justificada, pois vejo esses excessos de administrês como pontos fora da
curva.
O
administrês em si não é o problema, mas é curioso perceber que seu uso
excessivo surge como acessório a outros problemas, dois dos quais, de formação.
Pois
bem, concordo e admito que este defeito possa existir, o que faço? Devo evitar
estes vícios na faculdade?
Não!
Não deve, estamos falando de excessos, é importante aprender todos os
conceitos, termos e teorias de nossa formação, eles não estão lá por acaso. Se
seu professor sugerir 3 títulos de um
a bibliografia a cerca de certo tema, busque 4. Se uma avaliação te cobrar só decoração de texto, decore, mas não se limite a isso, seja dono de seu aprendizado.
a bibliografia a cerca de certo tema, busque 4. Se uma avaliação te cobrar só decoração de texto, decore, mas não se limite a isso, seja dono de seu aprendizado.
Últimas considerações
O
ambiente de trabalho precisa de clareza e agilidade nas comunicações. Quantas
vezes, após um grande problema, ouvimos um diagnóstico do tipo: “faltou
comunicação”? Eu sempre discordo veementemente! Há quase sempre comunicação, e
na maioria das vezes até em excesso, o que falta é clareza e objetividade.
É
sempre bom policiar-se para não ultrapassar o limiar entre o “profissional
claro” e o “profissional erudito de assunto único” (risos). Até mesmo na
formação pessoal, eu sei que nossa rotina nem sempre colabora, mas devemos
sempre buscar nossa multidisciplinaridade, e não se limitar a ler apenas
produção intelectual da área. Bons livros de filosofia, psicologia, sociologia
e história, são uma ótima pedida.
Fonte: http://administradores.com.br
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